TEMPESTADA

Naquela tarde sombria o céu carregado de eléctricidade fazia prever uma terrivel tempestade, os animais procuravam abrigo e as pessoas corriam para programar a defesa dos haveres que de um modo ou de outro havia que proteger dos ventos e da chuva, já era tarde e com o céu carregado como estava parecia mais tarde ainda, começava a ficar escuro e havia que socorrer tudo que corria perigo, viam-se clarões que assustavam e fazia prever que de um momento para o outro o inevitável aconteceria. Aí os fortes trovões começaram a fazer-se ouvir, eram tão violentos que aquele seres indefesos não faziam mais que pedir aos Santos para que nada acontecesse, abria-se o céu para descarregar uma fúria que ninguém havia visto antes, mas após umas intermináveis duas horas tudo havia passado, já era noite e as gentes descansaram aliviados deixando esvaziar aquela tenção vivida momentos antes, amanheceu novo dia e com ele de novo a alegria daquele povo, fervilhava a vida como um rio que incansável procura o oceano.

Manuel Pereira